sábado, 13 de dezembro de 2008

A Epopeia de um dia...

Em primeiro lugar tenho de me desculpar por passar tanto tempo sem adicionar novas entradas, mas os meus dias andam muito curtos. Alguém devia tomar a iniciativa de acrescentar algumas horas às 24 já existentes - se bem que o mais provável era que eu acabasse por as ocupar igualmente. Não há volta a dar-lhe, quanto mais tempo tenho, mais necessito de o ocupar para me sentir realizada, por isso acho que devo reconhecer-me como 'Hello, my name is Vera, and I am a workaholic!' (sim, sou, mas desde que me sinta bem, acho que não devo mudar! Dito como uma verdadeira viciada).
Hoje é um dia especial para mim, pois como muitos de vocês sabem, fico hoje um aninho mais velha! Achei por isso que seria bom dedicar-me um pouco a reflectir sobre o que tem mudado na minha vida com o passar do tempo. A verdade é que quando penso no que sou no dia-a-dia nem dou pela passagem do tempo. A maior parte das vezes não me sinto mais velha que um teenager. Mas depois vêm as reuniões com professores sobre as minhas pesquisas, as inscrições em conferências e as tentativas de publicação, e de repente é como se me visse outra pessoa, muito mais velha. E assim, vou balançando entre idades, sem conseguir definir-me pela minha idade que aparece no BI.
Tanta coisa tem mudado, e tem-me feito mudar nos últimos anos. Licenciei-me, entrei para o mercado de trabalho de professores em Portugal (palavras para quê, todos conhecem a situação, alguns em primeira mão), dei aulas numa primária (algo que achava que não iria conseguir, e a verdade é que acabei por reconhecer o quão positiva essa experiência foi para mim), trabalhei part-time na Decathlon (que se tornou numa das melhores experiências que podia ter tido, em que descobri muito sobre mim e aquilo de que sou capaz, e em que fiz amizades extremamente importantes e que espero manter toda a vida!). Depois de tudo isto, embarquei na minha aventura de um doutoramento sem parte curricular, e andei por vezes a navegar sem rumo, até me decidir a contornar o Cabo das Tormentas e enfrentar o meu mais formidável Adamastor. Vim para o Japão, sem grandes conhecimentos da Língua Japonesa! E desde então a minha vida tornou-se uma saga de aventuras que nem sempre se desenrolam da melhor forma.
Neste momento estou a estudar na Universidade Sophia (ou Jochi Daigaku), que é uma Universidade privada católica em Tóquio. Sou aluna de doutoramento, e por isso conduzo sozinha a minha pesquisa sobre a o Ensino da Língua Portuguesa como Língua Estrangeira aqui. Mas, simultaneamente, e por causa da Bolsa de estudos que me foi concedida pela JASSO, sou também aluna de Língua Japonesa (como aluna não licenciada), e aluna do Mestrado em TESOL (Ensino de Inglês para falantes de outras línguas) . No total as minhas cadeiras são quatro, o Japonês (que me dá mais trabalho que todas as outras juntas, mais a minha investigação!), e as três de mestrado: Intercultural Interaction, Affective Factors in TESOL, e Action Research, todas elas em Inglês. Ando normalmente a correr entre os trabalhos de casa e os milhões de testes semanais que tenho de Japonês e os muitos capítulos de leitura obrigatória para as demais cadeiras. Por um momento senti-me frustrada, e pensei que tinha feito mal ter escolhido todas estas cadeiras, mas agora estou a conseguir rentabilizar tudo o que aprendo para a minha pesquisa de doutoramento, e tenho aprendido muito sobre quem eu sou, enquanto pessoa e enquanto professora, nestas cadeiras, com os meus professores e com os meus colegas, todos eles tão distintos de mim.
Para além da minha vida académica, consegui finalmente, depois de algum esforço, ser contratada por uma escola de Línguas privada (aparentemente muito famosa aqui por estes lados), onde me encontro a dar aulas de Inglês. Neste momento tenho dois alunos no Success course, às quartas na escola sede da empresa. Para além desses tenho agora mais uma aluna, mas desta vez nas aulas de café - que são aulas mais casuais, que se combinam em sítios públicos, e mais centradas em conversação.
E finalmente, como não podia deixar de ser, estou numa actividade extra-curricular que é o Shorinji Kempo, que estou a adorar, ainda que as nódoas negras se comecem a acumular!
Uff, parece muito? Então imaginem que diariamente me levanto pelas 6 da manhã. Saio de casa pelas 7.30 para poder chegar a horas para a minha aula das 9.15. Vou normalmente ao Shorinji na hora de almoço, desde 12.30 até às 13.30. Mesmo que não tenha aulas, fico na Universidade a estudar e a fazer os meus trabalhos para a semana (algo que consigo normalmente à justa). chego normalmente a casa por volta das 19h, excepto às quartas, quintas e sábados, em que normalmente só chego por volta das 22h ou mais. Ao Domingo dou a minha aula de café! Entretanto andei em correrias entre departamentos, em comboios apinhados, no meio de multidões de pessoas a correr de um lado para o outro. Enfim, as voltas e viravoltas diárias de alguém que precisa aprender a parar um pouco.
Olhando para trás, penso em tantas outras coisas que gostaria, poderia, deveria ter feito, e por vezes isso entristece-me. Penso no "What if", e os 'ses' por vezes fazem-nos arrepender e sentir menos bem em relação a muita coisa, mas sabem que mais, eu considero que todas as nossas escolhas são as acertadas, porque podemos aprender com todos elas, ainda mais com as menos boas!.
Se morresse hoje (o que seria irónico uma vez que as datas de nascimento e de morte seriam uma e a mesma!), a verdade é que não me arrependo de quase nada. Tenho uma família e amigos que me são muito próximos, e com quem posso sempre contar. Pesssoas que me adoram e que eu adoro também. Vivo experiências diferentes que me fazem crescer enquanto pessoa, e batalho pelos meus sonhos na esperança de um dia poder olhar para o meu percurso de vida com a satisfação de ter vivido e alcançado aquilo que desejava. Cometi imensos erros, e já mandei com a cabeça na parede algumas vezes, mas aprendi com todas essas experiências. Já vivi períodos de grande ansiedade, tristeza, incerteza, solidão, enfim, de tudo, mas com esses aprendi muito mais do que todos aqueles que correram sobre rodas. E acima de tudo, sinto-me completamente capaz de dizer que sou muito sortuda porque, pelo menos, fiz as coisas "à minha maneira".
Deixo aqui um pequeno vídeo com algumas das coisas que mais me fazem lembrar o quão boas são as minhas lembranças de Portugal, espero que gostem. Pode não parecer, pela minha falta de notícias, mas a verdade é que estão sempre no meu pensamento, e tenho imensas saudades de todos.

2 comentários:

Ângela Silva disse...

Olá Vera!!

Antes de mais PARABÉNS! É apenas um ano a mais e não importa o que nos diz o BI. O que realmente interessa são as experiências, vivências e aprendizagens que te fizeram crescer! O teu espírito jovem será sempre uma mais valia nos momentos em "tens que ser mais velha". Acredita!!!
Imagino que as saudades serão imensas mas a tua aventura ainda vai deixar saudades num futuro próximo. Por isso, não penses nas saudades e dedica-te a aproveitar cada segundo da tua aventura.

De Leiria (muito chovosa hoje), segue um grande beijinho com votos de muitos sucessos e felicidades!

Fica bem!

diabitah disse...

Por estranho que pareça...ate comemoramos o aniversario tradicionalmente juntas em tua casa...LOLOL...como é possivel hehehe...

Como sempre a correr caso para dizer "olha para o que digo e não olhes para o que faço" pois paxas o tempo a dizer para eu ter calma e nao querer fazer tudo heheh, mas lembra-te que apesar de vivermos um dia de cada vez, devemos viver ao máximo e como se fosse o ultimo.

Fico muito contente por saber que andas a VIVER a tua vida como mereçe ser vivida...isto é...como te faz feliz viver.

Quanto às saudades...lembra-te o quanto são necessárias para reforçar a importancia dos momentos do passado heheh

Vais ter imenso tempo para as matar...agora...aproveita o que a vida te oferece desse lado....

Bjos enormes...