Olá, de novo de regresso para dar conta de algumas das coisas com que contacto diariamente aqui, deste lado do mundo.
Peço imediatamente desculpas pela falta de assiduidade nas actualizações, mas este mês foi tudo menos fácil.
Como havia explicado já, encontrava-me em processo de mudança de casa. Deixei a residência onde me encontrava, e mudei-me para um apartamento em Setagaya, onde agora vivo, sozinha. Mas esta mudança não tem sido fácil por uma série de motivos que apresentarei de seguida, mas sobretudo porque coincidiu também com o último mês de aulas do ano escolar daqui, antecedendo os exames e trabalhos finais.
A 23 de Dezembro a Universidade encerrou para férias de Ano Novo (sim, porque o Natal por estes lados não é uma data muito celebrada, e é mais visto como um Dia de São Valentim - mas disso falarei noutra entrada, em que me explicarei melhor), e recomeçou no dia 5 de Janeiro. Tendo ido passar o Ano Novo com a família de uma amiga a Kanazawa (cerca de 4 horas de shinkansen - comboio rápido - ou 8 horas de autocarro), quando regressei não vinha propriamente descansada. E para mais, a minha cabeça já se concentrava na mudança, que aconteceu no dia 10 de Janeiro - dia em que entreguei a chave da residência, e passei a residir na minha nova morada. Essa primeira semana de aulas foi marcada pelo regresso aos estudos, ao meu part-time, e por muitas viagens de malas feitas entre a residência e o apartamento. Foi um processo moroso, e andar com malas carregadas pelos comboios de Tóquio, de vez em quando em horas de ponta, é quase uma aventura hercúlia, mas tudo se faz! Foi uma correria louca, mas no dia 10 estava tudo no apartamento (ainda que não no sítio!).
Depois de começar a viver em Setagaya, que fica a 15 minutos de Shinjuku, de comboio, eu pensei que a minha vida ia tornar-se muito mais fácil, isto porque de Shinjuku à Universidade Sophia são só cerca de 5 minutos por um comboio rápido em direcção à estação de Tóquio. Assim, em teoria, as minhas viagens de e para a escola demorariam cerca de 20 minutos, mais o tempo das ligações. Pois, esqueci-me foi de contabilizar o tempo que levaria da estação, Umegaoka, até ao meu apartamento mesmo (que fica na 'cidade' ao lado, Wakabayashi). Na verdade ainda demoro 15 minutos a pé da estação a casa, e isso faz com que as minhas viagens diárias ainda demorem cerca de 40 minutos (o que sempre são menos 20 minutos do que quando vivia em Saitama, contudo é deprimente pensar que Saitama é tão afastado de Yotsuya como o Porto é de Aveiro, enquanto que Wakabayashi seria como ir até Cacia, mas que na verdade demora-se imenso tempo na mesma). A agravar a isto, o comboio que uso agora continua a estar tão apinhado de manhã como os demais que usava quando vivia em Saitama, coisa que eu não pensava ser possível. Assim, continuo a ter de lutar pela sobrevivência nos transportes todas as manhãs, e de vez em quando no regresso a casa também.
Com a mudança vieram também algumas deslocações necessárias aos serviços. Nomeadamente: o primeiro passo foi ir à City Hall, uma espécie de Câmara Municipal, para informar as autoridades de que havia mudado de residência, e para mudar o meu Alien Registration Card (que é o meu cartão de identificação enquanto estrangeira residente no Japão - obrigatório para todos os estrangeiros que residam cá mais de três meses). Depois tive ainda de proceder às alterações de endereço nos serviços, como o Banco e a companhia de Telemóvel. Ou seja, mudanças exigem muitas deslocações, são processos morosos e que levam algum tempo até ficarem finalizados.
Agora que já vivo na minha nova casa há quase um mês já me começo a habituar à área, e à minha nova rotina. Vivo numa zona residêncial, e uma em que as pessoas devem ter bastante dinheiro (dado todos os BMW e Porches por que passo diariamente a caminho da estação!). Na minha área existem alguns Templos e Parques, pelo que é uma zona agradável para passear num dia de bom tempo (coisa que ultimamente não tem sido constante por aqui). Já encontrei as novas lojas onde fazer as minhas compras habituais, e fiquei particularmente contente por encontrar uma lojita bem pequena e antiga, mas onde encontro a fruta mais barata que alguma vez vi aqui em Tóquio - o preço de viver em Tóquio é exorbitante, mas o da comida, e em particular o da fruta, é de fazer chorar; cada vez que penso que UMA simples maçã num supermercado chega a custar entre 1 ou 2 euros, só me apetece voltar para Portugal - mas nesta lojinha, bem velhota, e em que é melhor a ASAE nunca entrar, a fruta pode não ser tão vistosa como as dos supermercados, mas é decente e os preços são bastante mais agradáveis à carteira. Tenho também uma loja com imensos produtos importados, perto da estação, e lá posso encontrar artigos raros por estes lados como: côco ralado, ou mesmo Ferrero Rocher e Bacci. Ainda só lá fui uma vez, e como todas as lojas em Tóquio é complicado movimentar-nos no meio dos corredores hiper-estreitos e atulhados até dizer chega, mas a lojinha é engraçada, os preços nem são assim tão caros como isso, para produtos importados, e para os amantes de café (que não é o meu caso) podem encontrar lá café em grão de todas as partes do mundo - Kaldi Coffee Shop é o nome desta loja!.
Viver sozinha também me trouxe algumas responsabilidades adicionais. Pagar as contas!!! Na residência, contas como água, luz ou internet estavam incluídas no pagamento mensal (ou semestral), por isso não tinha com que me preocupar. A conta do telemóvel é feita por transferência bancária, e por isso nunca tive de lidar com pagamentos de contas. Agora as coisas são diferentes. Recebo cartas das companhias de gás, electricidade e água, com os recibos para proceder ao pagamento. Mas, na verdade, não é assim tão difícil pagar as contas, basta ir a uma qualquer loja de conveniência (ou konbini), como a 7Eleven (Seven Eleven, abertas todos os dias, como na América), ou a AM/PM, ou Family Mart (enfim, há uma em cada esquina quase) e pagar, eles carimbam e está feito. O mais difícil é perceber: está tudo em Japonês!!! O que para mim é um grande problema. Normalmente tenho de recorrer à minha amiga MM, e à sua mãe, que é minha guardiã no apartamento e todos os assuntos relacionados. Enfim, viver sozinha está a ser uma aventura nova, mas que está a agradar).
O meu maior problema neste momento! A instalação da Internet. Digam o que disserem, net no Japão é um assunto complicado. Sim, têm serviços muito melhores que em Portugal, aqui o state of the art já não é a Broadband que todas as companhias publicitam, mas as ligações de fibra-óptica. Tal como em Portugal a maioria dos serviços oferece packs com telefone e televisão. Depois de comparar serviços na Internet, decidi-me por uma empresa que apresentava as melhores condições com um preço razoável, e contactei-os através do serviço de apoio a clientes em Inglês. Dei início ao processo no início de Janeiro, mas ainda estou à espera da ligação. Sim, porque mesmo só querendo Internet toda a gente tem de ter uma linha telefónica com a NTT, a empresa de telecomunicações mais importante daqui, uma espécie de EDP. Eles têm que vir e fazer essa ligação primeiro para depois a Internet poder ser ligada, e aparentemente os senhores devem estar muito ocupados, porque eu continuo à espera.
Agora já cheguei ao fim das minhas aulas e exames, e depois de mais um trabalho final vou estar oficialmente de férias. Férias essas que vão ser passadas a trabalhar no duro no meu part-time, a dar aulas de Inglês. Vou aproveitar este período a ganhar algum dinheiro, pelo que estou animada com essa perspectiva. Em Março vou ter uma semana completamente de férias, uma semana em que vou com o clube de Shorinji Kenpo para uma ilha no Sul do Japão para uma semana de treino. Claro que entre as sessões de treinos de certo não faltarão oportunidades para passear e conhecer o local, e também socializar com os colegas e treinar o meu Japonês.
Para já as coisas vão andando assim, e por isso as actualizações vão começar a ser mais frequentes. Assim, até breve.
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