quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nikkagetsu (Dois meses)

Nikkagetsu, como o tempo voa sem parecer que se mexe tão depressa quanto gostaríamos. Como é esquisito o tempo... Voa, quando gostaríamos que ele parasse num determinado momento para o podermos aproveitar ao máximo. Depois, existem aquelas alturas em que os ponteiros parecem não querer mexer, e vão-se arrastando, preguiçosamente, pelos pontos que marcam as horas no relógio, e tudo parece demorar uma eternidade a acontecer. Realmente o tempo é difícil de compreender, mas bem, tal como dizia a célebre frase: "O tempo tem tanto tempo, quanto tempo o tempo tem", cabe a cada um de nós marcar o compasso.
O tempo tem brincado comigo. Em correrias e jogos de escondidas, umas vezes a voar velozmente pelos céus, outras vezes parado como se tivessem carregado no botão de pausa...esse malandro tem andado a fazer das suas aqui por terras de bolas e dragões.

O nosso amigo Saikyo continua nas suas eternas correrias, assim como os demais dragões seus companheiros. As bolas, essas, continuam na mesma. Sempre com pressa, sempre a andar, passando por cima de tudo e todos para serem os primeiros a chegar... a onde é que eu ainda não percebi. Que diferentes são estas bolas, todas elas fechadas nelas próprias, cada qual pensando na sua vida, de olhos bem fechados e ondulando no movimento do corpo do dragão que segue sempre, sem nunca voltar a atrás. Não tenho a certeza daquilo que procuram. Não sei se não será algo dentro delas mesmas, mas, tal como eu, o Saikyo também não me parece que saiba.

O Saikyo e eu temos falado algumas vezes. As nossas conversas são de uma dimensão estranha, não são verbais. As palavras não são capazes de descrever as nossas conversas. O Saikyo e eu comunicamos por pensamentos, é quase uma partilha de estados de espírito, que se assemelham e aglomeram num só. Pode aprender-se muito com um dragão como o Saikyo.

No país das bolas, o tempo é algo que se escapa por entre os dedos, tal e qual como uma enguia. Para mim, lidar com isso não foi particularmente mau, mas a verdade é que começava a sentir que esse tempo a esgueirar-se me era precioso e me fazia falta. Então, um dia, durante as minhas conversas de pensamentos com o Saikyo, ele ofereceu-se para me ajudar a conhecer novas realidades ainda que o tempo possa querer fugir. Desde então, o Saikyo e eu temos feito muitas viagens, mas nem todas elas físicas - em boa verdade, essas são as menos interessantes de todas as que fazemos.

Com o Saikyo, de mão dada, sigo para mundos que são completamente diferentes daquele em que vivo todos os dias. Tal como o dragão da História Interminável (Never Ending Story) que via quando era pequena, também o Saikyo me transporta para uma dimensão diferente. Um mundo feito de sons que nos enchem os ouvidos; de letras que se juntam para formar palavras; de palavras que se juntam em frases; numa combinação coordenada que nunca mais acaba. Durante as minhas viagens aprendo muito. Aprendo coisas novas que não conhecia antes, vejo locais que nunca tinha visto, mas o mais importante são as coisas que aprendo sobre mim.

Em breve poderei contar algumas das minhas aventuras com o Saikyo, numa altura em que o tempo não esteja a correr em sprint, tal como a Lebre Branca em serviço de Sua Majestade a Rainha de Copas com medo de perder a cabeça se se atrasar!

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